Apuração nacional aponta atraso nos repasses, favorecimento seletivo a hospitais e concentração de poder na gestão financeira na Sesma.
Secretaria de Saúde de Belém (Sesma) entrou no radar de uma apuração jornalística de alcance nacional após denúncias de atrasos sistemáticos nos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) a hospitais e clínicas credenciados no município. O caso ganhou gravidade porque os recursos federais destinados a esses pagamentos foram creditados no Fundo Municipal de Saúde no último dia 4, conforme o Portal da Transparência, mas não chegaram à maioria dos prestadores do SUS em Belém.

O descumprimento do prazo legal é evidente. A Portaria nº 2.617/2013 determina que os repasses sejam realizados até o quinto dia útil após o crédito federal - o que não ocorreu. Enquanto diversos hospitais relatam dificuldades financeiras e risco de descontinuidade de serviços, apenas algumas instituições estariam sendo “abençoadas” com pagamentos regulares.
Entre elas, chama atenção o Hospital da Beneficência Portuguesa, que já recebeu os valores, levantando questionamentos sobre critérios de priorização e isonomia administrativa. O fato se torna ainda mais sensível considerando que o atual secretário municipal de Saúde, Rômulo Nina, integrava a diretoria da própria instituição até o último dia do ano passado, quando assumiu o comando da Sesma.
Nos bastidores, porém, há relatos de que Rômulo Nina tenta destravar a situação e normalizar os pagamentos para amenizar a insatisfação dos demais prestadores, mas enfrenta resistência interna.
Segundo gestores hospitalares e até servidores ouvidos na apuração, o verdadeiro gargalo estaria na Diretoria Administrativa e Financeira, comandada por Vitor Fonseca.
As denúncias apontam que o diretor concentra poder excessivo, segura pagamentos de forma seletiva e atua com “vida própria”, ignorando cobranças técnicas, legais e até políticas para regularizar os repasses.
Há ainda acusações de que Fonseca não faz questão de esconder que decide quais fornecedores e prestadores recebem, com base em interesses próprios ou critérios que não são formalizados nem transparentes.
Um analista da área jurídica ouvido pela coluna sobre o caso avalia que o comportamento de Fonseca, se confirmado, compromete princípios básicos da administração pública, como legalidade, impessoalidade e publicidade, previstos no artigo 37 da Constituição.
A apuração do veículo nacional também identificou indícios mais graves: interferência na regulação, influência na destinação de consultas e possível conflito de interesses envolvendo clínicas credenciadas - situações vedadas pela legislação do SUS, especialmente pela Lei nº 8.080/1990, que rege a organização e a gestão do sistema.
Diante do cenário, a Sesma deve explicações objetivas e urgentes à sociedade e aos órgãos de controle. Por que os repasses não foram feitos dentro do prazo legal, mesmo com o recurso disponível? Quais critérios técnicos e administrativos justificam a priorização de determinadas instituições? Existe entrave financeiro, jurídico ou administrativo real, ou trata-se apenas de decisão ao capricho da área financeira?
Mais do que uma crise administrativa, o caso expõe uma ameaça concreta à continuidade dos serviços de saúde em Belém. Se não houver transparência, correção de rumos e responsabilização interna, a conta pode recair, mais uma vez, sobre a população, os usuários do SUS, justamente os que menos podem pagar pelo preço da desorganização e da falta de controle na gestão pública.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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